Quem esteve à noite no Coliseu dificilmente esquecerá o que ali viveu. Vindos de vários pontos do País, milhares de comunistas e amigos encheram por completo o recinto e entregaram-se de corpo inteiro à comemoração do centenário daquele que é o mais importante acontecimento da luta milenar dos explorados e oprimidos pela sua emancipação e libertação. Ao fazê-lo não se limitaram a evocar uma efeméride, antes reafirmaram o seu compromisso com o colectivo que desde há 96 anos protagoniza em Portugal o combate pelos mesmos objectivos que moveram os bolcheviques e o proletariado russo há um século: o Partido Comunista Português.
O próprio Secretário-geral do PCP, reafirmou a «profunda convicção de que o socialismo e o comunismo são o futuro da humanidade» e garantiu que a Revolução de Outubro aí está, cem anos depois, como «experiência concreta, como fonte de inspiração, com os seus valores e ideais afirmando que outro mundo é possível». Olhando para a sala cheia, repleta de bandeiras vermelhas e transbordante de determinação e convicções, ninguém poderia negar que Jerónimo de Sousa tinha razão.
Exemplos a seguir
A primeira parte desta grande festa de aniversário foi preenchida pelas canções de combate (ver página 10), com interpretações magistrais de Fausto Neves, Manuel Pires da Rocha, Hugo Brito, Carlos Canhoto, Catarina Moura, Luís Pedro Madeira, Gonçalo Leonardo, Rui Lúcio das Neves, Tiago Santos e Oleg Chumakov, e a preciosa ajuda dos milhares de presentes, que foram também artistas e cantores. Calorosa foi, também, a reacção ao poema A Bandeira Comunista, declamado pelo próprio Ary e transmitido nos enormes ecrãs de ladeavam o palco.
A fechar o momento cultural, antes do período dedicado às intervenções, foi emitido um filme sobre a longa marcha dos trabalhadores e dos povos rumo à sua emancipação, que teve e tem na Revolução de Outubro um ponto particularmente elevado. Quando surgiam imagens de importantes momentos da história – como a tomada do Palácio de Inverno ou o hastear da bandeira soviética no Reichstag nazi – ou de dirigentes revolucionários como Lénine, Álvaro Cunhal, Fidel Castro, Ho Chi Mihn, Agostinho Neto, Amílcar Cabral, Salvador Allende, Hugo Chávez ou Vasco Gonçalves, a plateia levantava-se em aplausos e vivas ao PCP. Os comunistas portugueses conhecem e honram, na sua acção quotidiana, todos quantos se batem por causas e objectivos comuns.
A chama continua viva
Para o período das intervenções foram chamados ao palco dirigentes das organizações regionais de Lisboa e Setúbal, uma delegação da JCP e os membros da Comissão Central de Controlo e dos organismos executivos do Comité Central. A apresentação esteve a cargo de José Capucho, da Comissão Política e do Secretariado.
Antes de Jerónimo de Sousa interveio Valter Cabral, da Juventude Comunista Portuguesa, que destacou o papel dos jovens na Revolução de Outubro, no processo posterior de construção do socialismo e nas lutas que hoje se travam pelos direitos: «Aqui estamos. Saudando a Grande Revolução Socialista de Outubro, saudando Lénine e todos os seus construtores, para que nunca seja esquecida a profundidade dos direitos e conquistas da juventude e dos trabalhadores. Aqui estamos, com a alegria de quem sabe que, com a luta, mais direitos e mais futuro estão ao nosso alcance, de quem assume o compromisso de não desistir e de quem sabe que é não apenas necessário como possível continuar a transformar.» A juventude, como afirmou Lénine e recordou Valter Cabral, é a «chama mais viva da Revolução» e a poderosa e vibrante presença juvenil no comício trataram de o comprovar mais uma vez.
No final, após o discurso de Jerónimo de Sousa, os músicos voltaram ao palco para interpretar o Avante, Camarada, A Internacional e A Portuguesa, acompanhados por uma multidão de vozes, emocionadas e combativas.